O uso dos canabinoides vem sendo amplamente estudado na Pediatria, principalmente pela área de Neuropediatria, como opção terapêutica para algumas condições, após insucessos dos métodos tradicionais de tratamento, tais como epilepsia refratária, transtorno do espectro autista (TEA) e distúrbios do movimento.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição de neurodesenvolvimento complexa que tem uma ampla gama de efeitos, incluindo interação social e comunicação prejudicadas, mas também causando comportamentos repetitivos. Pode ser subclassificado em uma das seguintes condições:
A epilepsia é definida quando o paciente apresenta pelo menos duas convulsões não provocadas com mais de 24 horas de intervalo. Uma convulsão é causada por atividade elétrica anormal no cérebro, resultando em um pequeno distúrbio da consciência, função muscular, sensações, comportamento, emoções ou uma combinação dos dois.
As convulsões podem ser classificadas como:
Antes dos três anos de idade; no entanto, o TEA pode se tornar aparente em qualquer fase da vida. Os sintomas podem variar entre os indivíduos e aqueles com sintomas mínimos podem ser identificados mais tarde do que aqueles com dificuldades graves. Os sintomas de TEA podem ser agrupados em quatro categorias:
Nas crises epilépticas generalizadas, os sintomas tendem a envolver todo o corpo e são acompanhados por comprometimento da consciência. Os tipos de convulsão generalizada são definidos por seus sintomas:
As crises epilépticas focais dependem da parte do cérebro em que começam:
Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) geralmente estão sob os cuidados de um pediatra e de uma equipe multidisciplinar de fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicólogos. A base do tratamento é o apoio educacional nos domínios que consideram mais desafiadores, que podem incluir dificuldades sociais, linguagem e comunicação, imaginação limitada ou comportamentos incomuns.
O uso de Cannabis medicinal nos pacientes com TEA pode ser considerado para ajudar no tratamento de sintomas específicos de ansiedade, depressão ou transtorno obsessivo-compulsivo, se estes permanecerem não controlados por outros métodos. Também é usada para ajudar a controlar comportamentos como a agressão e melhorar o sono.
A base do tratamento da epilepsia são os medicamentos anticonvulsivantes. O tipo de epilepsia, idade, sexo biológico e outros medicamentos influenciam na escolha dos anticonvulsivantes de primeira linha para cada pessoa. Os tratamentos mais especializados podem incluir cirurgia e estimulação do nervo vagal.
A Cannabis medicinal pode ser considerada quando as terapias de primeira linha não alcançaram o controle adequado das convulsões. As Síndrome de Dravet e Lennox- Gastaut, são duas encefalopatias epilépticas graves que acometem crianças já nos primeiros anos de vida e têm apresentado grande respostas ao tratamento com canabinoides, em especial ao Canabidiol (CBD).